Vejam na íntegra a entrevista que Roriz deu ao Jornal mineiro Hoje em Dia, onde o mesmo fala de Filippelli e Arruda e das eleições 2010.


RAFAEL PAIXÃO
REPÓRTER
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) voltou com força total. Em entrevista exclusiva ao Caderno Brasília, ele diz que será eleito governador em 1º turno e faz duras críticas a antigos aliados, como o governador José Roberto Arruda (DEM) e o deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB). Roriz nasceu em Luziânia, tem 63 anos e já foi vereador, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Goiânia,vice-governador de Goiás, e governou o DF por quatro vezes. Em 2006, elegeu ao Senado, mas renunciou no ano seguinte.

O senhor será candidato a governador?
Com absoluta certeza. Só não serei candidato se eu morrer.
Como o senhor pretende superar as dificuldades de ser candidato num partido pequeno, com pouco tempo no horário eleitoral?
Depois de ser governador por 14 anos, a televisão passa a não ser o fator mais importante na campanha. Não sei se estou enganado, mas creio que não preciso fazer propaganda. O povo me conhece e sabe meu comportamento ético no Governo e que tenho a opção pelos humildes e excluídos. De forma que preciso apenas de um minuto no horário eleitoral para dizer que sou candidato a governador.
Quantos partidos devem apoiar o senhor?
Hoje conto com cinco partidos que me apoiam totalmente. Além do PSC, um deles é o PMN, partido da minha filha (a deputada distrital Jaqueline Roriz). Os outros são PRTB, PSDC e PT do B. Estou muito seguro em relação ao apoio desses partidos, porém pretendo fazer mais alianças. Elas não serão fechadas agora, mas apartir de junho do ano que vem, com as convenções partidárias. Claro que tem outros grandes partidos e que há uma possibilidade no futuro.
Qual o seu sentimento em relação ao PMDB?
O que mais traz mágoa a um homem público é sentir se traído. Meu sentimento é que o PMDB me traiu. Está definitivamente fora das minhas cogitações ter qualquer relacionamento com o PMDB.
A que o senhor atribui a postura do PMDB?
Foram negócios, que não compartilho e não faço parte em nenhuma hipótese. Houve pressão da Executiva Regional do PMDB. A Executiva Nacional tinha outra versão da história. Eles acreditavam que haveria um acordo, mas eu jamais faço acordo com negocistas e sim com políticos que têm ideais.
O senhor acredita que o governador José Roberto Arruda teve alguma participação nisso?
Ele próprio deu uma entrevista dizendo que fez um entendimento, que desconheço, com a cúpula nacional do PMDB. Então acho possível.
E qual seu sentimento em relação ao presidente do PMDB-DF, deputado federal Tadeu Filippelli, que sempre foi seu aliado?
Sempre tive muita consideração pelo Filippelli. Ele era apenas um funcionário público federal e eu o convidei para entrar na política e ele aceitou. Hoje ele quis se profissionalizar e buscou novos caminhos. Não sei se ele vai ter sucesso nisso. Acho que ele cometeu um grande equívoco e deu um tiro no próprio pé.
Recentemente, o senhor se aproximou de lideranças como o senador Cristovam Buarque(PDT) e o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB). Pode haver um entendimento com eles?
Eu me aproximei de ambos, porque acho que são políticos capazes, competentes e que têm uma história na cidade. Não conheço nada que os desabone. São homens de bem e eu estou procurando homens de bem. Estive com os dois e as conversas foram produtivas, mas espero ter outros encontros no momento oportuno. Eu gostaria do apoio deles já no 1º turno.
Como foi o encontro com o senador Cristovam Buarque, que sempre foi seu adversário político?
Foi muito cordial. Na política, essa questão de divergências do passado não é o que representa o momento. Se eu o achava feio no passado, agora acho simpático.
Qual sua avaliação sobre o Governo Arruda?
Não posso dizer se é bom ou ruim. Só acho que ele não deveria ter sido eleito governador.
Mas o senhor considera o Governo dele diferente do seu?
O Governo Arruda é completamente diferente do meu. Tudo que ele pensa eu acho que está errado. Tudo que eu quero é diferente do que ele quer.
Qual é a divergência entre o senhor e o governador Arruda?
Ele não tem projeto social nem de solidariedade humana. O Arruda despreza os humildes e os excluídos para apoiar aqueles que não têm necessidade de apoio. O Governo tem de resolver os problemas dos pobres e não dos ricos. O Governo não é para ser servido, mas sim para servir. Dentro desse raciocínio, acho que ele faz tudo errado.
O senhor acredita que os seus aliados que estão no GDF vão deixar o Governo para apoiar sua candidatura?
Não poderia afirmar. Mesmo porque acredito que este Governo acaba em abril do ano que vem (prazo para quem ocupa cargo público disputar outro cargo) e com períodos adversos antes, porque temos Natal, Ano Novo, Carnaval, as chuvas. O Governo dele está muito curto. Espero que várias pessoas que ainda necessitam de estar no Governo não troquem seis meses por quatro anos.
Por que o Governo Arruda acaba em abril do ano que vem?
Não sei se ele será candidato a governador. Meu sentimento é que ele não será.
Porquê?
Tenho vontade de falar, mas não posso.
Qual será sua prioridade se for eleito?
Lutar para aumentar o território do Distrito Federal e voltar às origens da Constituição de 1891, que determinou um quadrilátero de 18,4 mil quilômetros quadrados. Hoje temos apenas um terço dessa área. Com isso, estarei apto para resolver todos os problemas do Distrito Federal. Seria a solução para consolidar a qualidade de vida de Brasília. Quero incorporar todas as cidades do Entorno, pegando ainda áreas produtoras e mananciais enormes de água, que poderão se transformar numa região industrial e resolver completamente o problema da saúde e da segurança pública. Vamos transformar o DF num indutor do desenvolvimento nacional. Essa região pode ser um exemplo para o país.
Como seria feita essa expansão?
É um preceito constitucional que já existe. Segundo juristas têm me dito, basta uma lei complementar. Se for necessário, montarei uma barraca no Congresso para aprovar o projeto.
Além dessa expansão, o que o senhor propõe para a saúde?
A primeira coisa que vou fazer é um concurso para 5 mil médicos e paramédicos. Em segundo lugar, não vou aplicar dinheiro do setor no mercado financeiro e comprar medicamentos. Em terceiro, vou fazer mais 15 hospitais em todo o Distrito Federal e atendimento em domicílio, se necessário, como se faz no primeiro mundo.
E para a segurança?
No meu primeiro Governo, Brasília tinha 1 milhão de habitantes. Agora já estamos próximos de 3 milhões e temos o mesmo número de policiais daquela época, quando deveríamos ter o triplo. Não é postinho colocado por aí afora que resolve o problema. Está tirando policial da rua e o colocando preso nos postos.
E o transporte público?
Temos que pensar Brasília para o primeiro mundo. Não é ficar pintando meio fio ou fazer obra de retorno para carros. Não é Brasília congestionada, sem transporte alternativo. Vamos pensar seriamente no aero trem, em trens de alta velocidade, e no metrô de alta velocidade. O aero trem vai resolver o problema do país, não só de Brasília. Não vejo outra solução. Precisamos tirar os carros das ruas e colocá-los nas garagens.
O aero trem seria construído onde?
Em todas as cidades.O aero trem integraria todo o Distrito Federal e serviria de base para integrar Goiânia e São Paulo.
E o VLT?
O VLT é velho. Brasília merece o que há de mais moderno.
Qual será o seu discurso de campanha?
Vou responder tudo que for acusado. Da mesma maneira que vier será devolvido. Farei uma campanha com amor e não com ódio. Vou dizer que irei superar todos os governos anteriores, inclusive os meus.
A acusação que fez o senhor renunciara o Senado poderá ser utilizada pelos adversários na campanha. Como o senhor irá responder?
Isso está claro e não vou nem responder. Fui absolvido e não tem nenhuma prova contra mim. Foi uma montagem, tanto que nunca mais falaram sobre isso. Será que tenho direito à indenização? Se tiver, não quero.
- O Governo Arruda é completamente diferente do meu. Tudo que ele pensa eu acho que está errado. Não preciso fazer propaganda. Preciso apenas de um minuto para dizer que sou candidato a governador -
- Sempre tive muita consideração pelo Filippelli. Acho que ele deu um tiro no próprio pé -
- Estou preparado e com disposição para a campanha. Só não tenho dinheiro. Vai ser a campanha do tostão contra o milhão. Estou recolhido e, mesmo assim, estou em primeiro lugar nas pesquisas -
Brasília 06 de outubro 2009
Jornal Hoje em Dia

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