Da corregedora do MPDFT, Lenir de Azevedo, com relação a Leonardo Bandarra: "Tenho convicção que houve falta funcional".


Entrevista - Lenir de Azevedo
em 14/05/2010 às 7:33

Do Correio Braziliense: Entrevista com a corregedora do MPDF, Lenir de Azevedo. Confira:

A senhora tem convicção de que as denúncias de Durval Barbosa contra o procurador-geral de Justiça, Leonardo Bandarra, e a promotora Deborah Guerner são verdadeiras?

Que houve falta funcional, tenho convicção. A parte criminal fica a cargo da Procuradoria Regional da República.

O que foi comprovado?
Os depoimentos foram a base para abrir várias linhas de investigação. Comprovamos, por exemplo, que de fato Durval providenciou a retirada de textos na internet com mensagens ofensivas ao Bandarra e a Deborah. Tivemos até acesso a um e-mail em que um hacker confirmou a Durval que o serviço foi cumprido. Havia ligação entre Durval e Deborah e entre Deborah e Bandarra. E a retirada o beneficiou porque ele não poderia ser reconduzido ao cargo de procurador-geral com essas notas na internet. Também está claro que a promotora tentou interferir em questões de lixo.

E o vazamento da Operação Megabyte?
O promotor encarregado da operação, Eduardo Gazzinelli, confirmou que Bandarra foi a única pessoa que recebeu a minuta impressa que Durval disse ter visto. A promotora Juliana Poggiali, ex-assessora do Bandarra, também confirma acreditar que a minuta foi entregue apenas ao procurador-geral em envelope lacrado.

Na sindicância, Durval mostrou uma cópia?
Ele disse que a promotora Deborah só mostrou a ele. E ela ainda o avisou que não haveria prisão, como se fosse uma vantagem a mais. Mas o promotor Eduardo Gazzinelli explicou que não havia mesmo previsão de prisão porque os fatos investigados tinham ocorrido havia algum tempo. Ela usou como se Bandarra tivesse tido a ideia. Cláudia Marques, que apresentou Deborah a Durval, confirmou em depoimento que Durval lhe disse que viu a petição.

Tudo isso pode ainda ser uma conspiração de Durval para constranger o MP?
Perguntei isso a ele. Mas há muitos elementos de convicção. A história está muito encaixada. Além de tudo, o motorista de Durval confirma ter entregue caixas de presente em nome de Gabriel, o codinome de Durval, na casa de Deborah.

Durval gravou alguma coisa?
Ele disse que não. Mas temos notícias de que dois amigos dele filmaram a confecção dos pacotes de presentes da saída até a entrega. Não temos confirmação se isso de fato ocorreu.

Por que a senhora disse que a relação de Deborah e Bandarra era promíscua?
Eles se falavam muito. Cláudia Marques disse que Deborah se vangloriava da intimidade com Bandarra e ele permitia que ela tivesse acesso a reuniões no Ministério Público que não eram de sua atribuição. Há indícios de que o ex-governador Arruda e o vice Paulo Octávio tenham sido apresentados a Bandarra na casa de Deborah.

Essas denúncias atingem a imagem do Ministério Público?
Atingem. Há uma tendência de globalização da conduta de dois membros. Este episódio está perturbando a atuação de promotores até no júri. Todos nós estamos constrangidos. Mas isso é uma grande injustiça. Num universo de 350, dois é que estão sob suspeita. A corregedoria, de imediato, tomou providências, tomou as rédeas, investigou e esclareceu. Cortamos na própria carne e cortar na própria carne é doído. Sinto muito pelos assessores do Bandarra, que nada têm a ver com isso.

A senhora está decepcionada?
Estou pasma. Não sei se é verdade ou se é mentira, mas sei que apurei algo que atinge a conduta funcional de Bandarra e de Deborah.

Houve pressão?
Nunca. O Bandarra nunca me procurou, prestou declarações espontâneas e entregou a declaração do Imposto de Renda. Mas o CNMP jogou minha reputação ao vento ao considerar que eu não tinha condições de investigar. Sempre cumpri o meu dever. Talvez tenham avocado a sindicância pela gravidade do fato.
BLOG DA PAOLA LIMA

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