O "erro" de Érica Kokay que colocou o PT no centro das investigações da Operação Caixa de Pandora.


Entre pecadores, tolos e hipócritas

A palavra mais comentada da semana foi “pecador”, mas também poderia ser hipocrisia, sandice ou tolice. Tudo porque o delator e ex-secretário de Relações Institucionais do GDF, Durval Barbosa, em depoimento “quase” secreto à deputada distrital Erika Kokay (PT), sugestionou que o partido da parlamentar tem muitos pecados.

Kokay é integrante da Comissão de Ética da Câmara Legislativa e relatora do processo que pede a perda de mandato de sua colega Eurides Brito (PMDB). A sua intenção seria pegar o depoimento de Durval para dar mais substância ao seu relatório, que deve ser entregue nos próximos dias. Mas, no afã acusatório, a deputada petista saiu do encontro trazendo consigo o PT no olho do furação da Caixa de Pandora, acusações contra mais colegas de parlamento e uma defesa prévia ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC).

Kokay conseguiu realizar, em sua ação desastrosa, tudo aquilo que Roriz e Durval precisavam. Fez o papel de pato. Foi usada e, ainda por cima, desagradou seus próprios companheiros de partido, que de acusadores e instigadores passaram a suspeitos. Tornaram-se pecadores a caminho do mármore.

Mais dois pontos complicam a situação de Erika: a transcrição da conversa vazou à imprensa e descobriu-se que ela revisou o texto taquigrafado, omitindo algumas informações.

O documento original da taquigrafia continha trecho em que a petista comenta ter ouvido de Brito, em uma festa, que alguns distritais haviam recebido propina para aprovar um projeto. Mais um problema: se Erika ouviu mesmo e não fez nada, foi conivente e faltou com a verdade como alega Eurides. E o bombardeio continua. A petista foi chamada em plenário de “mentirosa” por Geraldo Naves (sem partido) e de ter dito “incongruências, inverdades e coisas absurdas” por Eurides.

O assunto principal era Eurides, mas Kokay se empolgou tolamente quando Durval começou a falar de outros personagens e outras falcatruas. Acreditou que arrasava, quando estava na verdade sendo joguete de uma disputa política-eleitoral. E o que é pior, contra seu próprio partido, que até então não tinha “pecados”.

Quando Durval diz que existem pecados dentro do PT, ele não se refere a um pecador. São alguns pecadores. Na política não tem santo e alguns companheiros se deixaram seduzir pela grana fácil. Mas ali, nem tudo é Pandora. Existem pecados em outras áreas, além da informática e do PDOT. Tem até acertos de companheiros para companheiros.

Colocando o PT na fogueira – graças à destreza de Erika Kokay -, Durval atinge o maior adversário de Roriz: o candidato do PT Agnelo Queiroz. Até então se discutia nas sombras do QG rorizista como fazer isso, até que surgiu do nada o depoimento quase secreto solicitado por Kokay, que serviu ainda para uma vendeta dos azuis. É nessa hora que se atinge novos distritais, até então fora da lista de supostos mensaleiros. Entre os novos estão aqueles que traíram o acordo para eleger Wilson Lima (com apoio de Roriz) a governador tampão e ainda os que admoestaram Durval em seu primeiro depoimento, no auditório da Polícia Federal. O momento não poderia ser desperdiçado e a vingança foi feita.

Por tudo isso, o troféu Mico do Mês vai para Erika Kokay.


BLOG DO CALLADO

1 comentários:

Anônimo disse...

Não podemos considerar Agnelo um adversário de Roriz, coitadinho, ele é tão pequeno....

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